segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Distopias




Não sou ninguém.
Não almejo ser ninguém,
Encerro o maior de todos os sonhos,
Mas não sou ninguém.

Entro na vereda do além, sinto-o, absorventemente, sinto-o
Esclarecido procrastino a retirada e vomito vocábulos,
Consumo-me entre a vontade de ter vontade e a firmeza de ser forte
Amparo-me no poial da porta e aos haréns do corpo
Despego-me suficientemente da ilusão
Para poder encostar os olhos na realidade,
Rever-me nela é atroz, é substância entre o tudo e o nada,
É pedaço de prosa e nada de laudável,
Peça do transe e fração da existência.

Triste a despedida que carrego,
Hoje sinto-me triste, assim como a triste despedida que carrego,
Sinto-me dividido, entre falar de tudo e não dizer nada,
É triste partir, mais é permanecer e não estar,
Hoje parti, sinto-me partido, não estou
Sinto que não estou e que não sei o que é estar,
Difícil conjugar os verbos, aniquilar a esperança e voltar a matar o odio,
Existo, penso que sim, existo mesmo,
Carrego então a expectativa de deixar de existir,
Sinto-o, sinto o trago amargo da falta de dialogo,
Atroz silencio, banalmente atroz, sinto-o

Desta rua consigo deixar de ver a outra rua,
É de pedras, esta
A outra cheira a pensamentos, é escura,
Sinto-a, claramente escura, é a outra rua,
Já la passei uma vida, a outra minha vida,
Passarei lá as vidas mais que conseguir passar,
É de pedra a outra rua, esta também é de pedra como a outra,
E eu sou mais um que lá passa, sou néscio, sou também eu atroz

Sinto-a, eu sinto-o.
Sinto um ambiente cruel, tempestuoso, afavelmente carente
Um ciclo de guerra sombrio, obscuro,
Decisivamente, selvagemente duvidoso
Esbranquiçado perdoo-me,
Fico embutido no sedimento da palavra,
Experimento nuvens na imensidão deste meu céu
E nele permaneço, silenciosamente, em pleno trabalho final
Melindro-me neste irregular pesadelo da alma
E demoro-me no infinito da mente.
Omiti a porção fundamental, mas sinto-a.
Eu sinto-o.


1 comentário: