Distopias e Utopias
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
quarta-feira, 15 de junho de 2016
domingo, 22 de maio de 2016
domingo, 17 de abril de 2016
Parte de um procedimento...
Impossível, disse. A morte não é a única passagem certa da
vida, tu nunca vais entender isso.
– Desculpa, agarro-me em demasia às ideias dos filósofos velhos,
Schopenhauer, por exemplo, disse que a morte era a musa da filosofia.
Enquanto assim pensares não vais conseguir entender a essência
da própria vida, se continuas a negar a realização dos teus desejos espontâneos
e a duvidar dos prazeres da razão, não serás nunca feliz.
Quem te disse que a
isso almejo? Desprezo esse tipo de felicidade, essa maneira abstrata de não ser
nada em concreto, desprezo essa particularidade de tentar libertar os outros
dos seus medos, dos temores dos processos naturais, da dissolução das partículas
elementares, da esperança no retorno de nada consistente.
Tu é sabes, sabes sempre e acabas sempre por perder, mesmo
que para ti isso seja um ganho, acabas sempre por ver coisas, por persistires
nelas e nelas veres outras completamente irreais, tens essa capacidade, eu não,
mas também não gostaria de a ter. -Pois tu não gostarias nem gostas de ter
muitas coisas, uma delas é o simples trabalho que te dá refletir, à falta de
coragem para mudares o tempo passado. -Achas isso possível? – Sim acho, acho
que a mudança interior processa parte do tempo referente ao passado, acho, pode
ser parte de um procedimento de inversão de vivências. Sabes que não possuo
essas capacidades psicológicas, que nem gosto de psicólogos, desses que nos
analisam a todo o instante, sabes que não gosto desse tipo de análises, vivo
com as minhas próprias vivências, as minhas próprias análises, profundas? Algumas,
mas, na sua maioria, tristemente superficiais.
-Por que tu assim queres, reconheço-te, eu e mais pessoas,
capacidades ínfimas de realizares meditações profundas acerca da liberdade de
pensar.
És só tu que me vês assim, eu tento sempre não fugir a esta condição
de mortal, para isso, compreendo o mundo dos outros, dos que vivem apegados a
conceitos, preocupação, angustia, meio conhecimento, complexo de culpa e, o
mais cruel dos conceitos que conheço, o dia-a-dia.
Gostas sempre de suscitar nos outros novas maneiras de
pensar, contudo, não podes querer que os outros se verguem a essas novas formas,
tens de respeitar os outros, o que eles pensam, o que já viveram, aquilo que
querem viver, tens de ser mais comedido com a maneira de dizeres aos outros aquilo
que pensas.
-Sabes que assim não sou, não tento impingir nada aos
outros, mas não me castro de dizer nada a ninguém, depois pensem o que
quiserem.
A noite já vai longa, acabo como comecei, sabes que gosto
sempre de um pensamento.
Shakespeare disse: “Choramos ao nascer porque chegamos a
este imenso cenário de dementes”.
sexta-feira, 8 de abril de 2016
Novamente a Clarice...
“Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.”
Clarice Lispector
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
domingo, 14 de fevereiro de 2016
Banalidades genéricas
Monólogo solitário
retificado.
Fazes parte
de uma consciência crítica, envolveste-te numa permanente discussão intelectual
dentro de ti mesmo, mas porque, por que o fazes? Lembro-me de há uns anos uma
amiga (Rosa) me dizer que se identificava muito com coisas que escrevia. É
normal, respondi-lhe, repara, se fores à bruxa as banalidades genéricas que ela
te dirá são na sua essência validas para 80% de todos nós, assim é a minha
escrita, banal, genérica. Tal bruxa, se eu falar dos meus avós,
obrigatoriamente, vão-se lembrar dos vossos e, como a nossa história
antepassada é quase comum, se eu especificar, claro que se vão lembrar de episódios
parecidos dos vossos. `
É esta
capacidade acrítica que eleva a escrita ao altar da banalidade, esta maneira
constante de estar sempre a pensar sem pensar em nada de concreto.
Tem vezes,
muitas, em que nem reconheço qualquer tipo de propriedade científica ao meu pensamento,
como agora, outras em que reconheço apenas uma enorme firmeza de fazer a vontade
a Nietzsche, em que, para ele, (e para mim, acrescento) a verdade é apenas uma ilusão
criada pelo homem para dissimular o intelecto.
Não sei interpretar
todas as correntes filosóficas que conheço, não tenho essa capacidade, no
entanto, valido todas aquelas que colocam a dúvida acima da razão, duvido
sempre, sou sempre atroz com a realidade, como a bruxa, escrevo apenas
banalidades genéricas, essas não interferem com nenhuma corrente que possa
causar dano ao leitor, mas sim, sempre critico.
Por falar em avós, o meu materno combateu o fascismo, pela certa, ganhei com isto acérrimos seguidores, cujos avós tomaram também eles essa participação anónima na historia.
Por falar em avós, o meu materno combateu o fascismo, pela certa, ganhei com isto acérrimos seguidores, cujos avós tomaram também eles essa participação anónima na historia.
Perguntei a
mim mesmo por que usei agora a palavra acérrimos, pensei pouco, acérrimos porque
conhecem o sofrimento dos outros e lá diz uma outra corrente filosófica, o
sofrimento une as pessoas, falo da filosofia budista, a mesma que reconhece o
sofrimento como parte da nossa ignorância.
E, no final
da consulta, com as mãos firmes como estas com que escrevo, a bruxa sem qualquer
tipo de sentimento, deslocando uma sobrancelha na direção do teto pouco
iluminado, diz-te, para veres sempre o lado positivo das coisas, num ápice suga o
ar de um molar cariado e acrescenta em tom monocórdico, que o tempo cura tudo,
até as feridas, sendo que isso a gente já sabe que não corresponde à verdade,
por tal, também eu não me revejo nestas lápides de banalidades gerais.
Na minha quero escrito:
Aqui jaz
Rogério contra a sua vontade.
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