domingo, 14 de fevereiro de 2016

Banalidades genéricas


Monólogo solitário retificado.

Fazes parte de uma consciência crítica, envolveste-te numa permanente discussão intelectual dentro de ti mesmo, mas porque, por que o fazes? Lembro-me de há uns anos uma amiga (Rosa) me dizer que se identificava muito com coisas que escrevia. É normal, respondi-lhe, repara, se fores à bruxa as banalidades genéricas que ela te dirá são na sua essência validas para 80% de todos nós, assim é a minha escrita, banal, genérica. Tal bruxa, se eu falar dos meus avós, obrigatoriamente, vão-se lembrar dos vossos e, como a nossa história antepassada é quase comum, se eu especificar, claro que se vão lembrar de episódios parecidos dos vossos. `
É esta capacidade acrítica que eleva a escrita ao altar da banalidade, esta maneira constante de estar sempre a pensar sem pensar em nada de concreto.
Tem vezes, muitas, em que nem reconheço qualquer tipo de propriedade científica ao meu pensamento, como agora, outras em que reconheço apenas uma enorme firmeza de fazer a vontade a Nietzsche, em que, para ele, (e para mim, acrescento) a verdade é apenas uma ilusão criada pelo homem para dissimular o intelecto.
Não sei interpretar todas as correntes filosóficas que conheço, não tenho essa capacidade, no entanto, valido todas aquelas que colocam a dúvida acima da razão, duvido sempre, sou sempre atroz com a realidade, como a bruxa, escrevo apenas banalidades genéricas, essas não interferem com nenhuma corrente que possa causar dano ao leitor, mas sim, sempre critico.
Por falar em avós, o meu materno combateu o fascismo, pela certa, ganhei com isto acérrimos seguidores, cujos avós tomaram também eles essa participação anónima na historia.
Perguntei a mim mesmo por que usei agora a palavra acérrimos, pensei pouco, acérrimos porque conhecem o sofrimento dos outros e lá diz uma outra corrente filosófica, o sofrimento une as pessoas, falo da filosofia budista, a mesma que reconhece o sofrimento como parte da nossa ignorância.
E, no final da consulta, com as mãos firmes como estas com que escrevo, a bruxa sem qualquer tipo de sentimento, deslocando uma sobrancelha na direção do teto pouco iluminado, diz-te, para veres sempre o lado positivo das coisas, num ápice suga o ar de um molar cariado e acrescenta em tom monocórdico, que o tempo cura tudo, até as feridas, sendo que isso a gente já sabe que não corresponde à verdade, por tal, também eu não me revejo nestas lápides de banalidades gerais.

Na minha quero escrito:

Aqui jaz Rogério contra a sua vontade.

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