Monólogo solitário
retificado.
Fazes parte
de uma consciência crítica, envolveste-te numa permanente discussão intelectual
dentro de ti mesmo, mas porque, por que o fazes? Lembro-me de há uns anos uma
amiga (Rosa) me dizer que se identificava muito com coisas que escrevia. É
normal, respondi-lhe, repara, se fores à bruxa as banalidades genéricas que ela
te dirá são na sua essência validas para 80% de todos nós, assim é a minha
escrita, banal, genérica. Tal bruxa, se eu falar dos meus avós,
obrigatoriamente, vão-se lembrar dos vossos e, como a nossa história
antepassada é quase comum, se eu especificar, claro que se vão lembrar de episódios
parecidos dos vossos. `
É esta
capacidade acrítica que eleva a escrita ao altar da banalidade, esta maneira
constante de estar sempre a pensar sem pensar em nada de concreto.
Tem vezes,
muitas, em que nem reconheço qualquer tipo de propriedade científica ao meu pensamento,
como agora, outras em que reconheço apenas uma enorme firmeza de fazer a vontade
a Nietzsche, em que, para ele, (e para mim, acrescento) a verdade é apenas uma ilusão
criada pelo homem para dissimular o intelecto.
Não sei interpretar
todas as correntes filosóficas que conheço, não tenho essa capacidade, no
entanto, valido todas aquelas que colocam a dúvida acima da razão, duvido
sempre, sou sempre atroz com a realidade, como a bruxa, escrevo apenas
banalidades genéricas, essas não interferem com nenhuma corrente que possa
causar dano ao leitor, mas sim, sempre critico.
Por falar em avós, o meu materno combateu o fascismo, pela certa, ganhei com isto acérrimos seguidores, cujos avós tomaram também eles essa participação anónima na historia.
Por falar em avós, o meu materno combateu o fascismo, pela certa, ganhei com isto acérrimos seguidores, cujos avós tomaram também eles essa participação anónima na historia.
Perguntei a
mim mesmo por que usei agora a palavra acérrimos, pensei pouco, acérrimos porque
conhecem o sofrimento dos outros e lá diz uma outra corrente filosófica, o
sofrimento une as pessoas, falo da filosofia budista, a mesma que reconhece o
sofrimento como parte da nossa ignorância.
E, no final
da consulta, com as mãos firmes como estas com que escrevo, a bruxa sem qualquer
tipo de sentimento, deslocando uma sobrancelha na direção do teto pouco
iluminado, diz-te, para veres sempre o lado positivo das coisas, num ápice suga o
ar de um molar cariado e acrescenta em tom monocórdico, que o tempo cura tudo,
até as feridas, sendo que isso a gente já sabe que não corresponde à verdade,
por tal, também eu não me revejo nestas lápides de banalidades gerais.
Na minha quero escrito:
Aqui jaz
Rogério contra a sua vontade.
Sem comentários:
Enviar um comentário