sexta-feira, 28 de junho de 2013

Sexta



Demorei uns quantos dias s descobrir a américa, a mesma que já me fez sonhar, em tempos, a mesma que me disse para ter cuidado, aquela que acabou por me dizer que acabávamos perdidos e nessa perdição, sem sabermos o porque, procurávamos a nossa outra vida, a outra margem de um rio tortuosamente inavegável.
Podemos parecer hoje apenas sombras de nós mesmos, podemos ate fazer versos, perdermo-nos em prosas mais ou menos filosóficas, sendo que, a objetividade das palavras vale o que elas só por si também valem, as palavras são apenas fundamentos para a realidade e fugas para a indiferença.
Não tenho grande veia filosófica hoje, não me apetece carpir nem tao pouco aflorar temas seriamente concretos, hoje é um dia, o dia, talvez só mais um dia, um dia a mais, um dia a menos, hoje é apenas a realidade que me invade e amanha me deixa de rastos, pronto, pronto para mais dias iguais a este e noites a esta equivalentes, hoje é apenas só mais uma fase da realidade, da verdade, da triste ficção, da inevitável caminhada rumo à viagem final…

terça-feira, 25 de junho de 2013

A metafisica hospitalar



Numa deslocação ao hospital de referência da minha área e durante longos períodos de tempo perdidos entre bichas para o papel A e impressos para o papel B, lá me fui deliciando com os que me rodeavam.
A primeira uma zuca que, do alto dos seus 100 quilos (dizia ela à outra) tinha sido erguida pelo namorado tuga, um tratador de cavalos habituado a carregar fardos de palha, dizia ainda, amor estou toda molhada está um calor insuportável e olha só como eu fico, olhei também eu, ssssssss tinha o triângulo das bermudas desenhado em suores, pensei…porra isto não faz jus às brazucas, dizem que as raparigas oriunda dessa parte da América são rapaditas, será? Esta não me pareceu.
Mesmo no meio hospitalar acabei então por fazer a minha boa ação diária, uma miúda na casa dos seus 25 anos, sem cabelo nenhum, mas gira, um pouco gordita mas engraçada, todos a olhavam com ar de: “coitada tao nova e com cancro” eu não, olhei para ela com intenções sexuais, fitei-a bem nos olhos giros que tinha, ela sorriu, eu sorri para ela, sentiu-se desejada e eu senti-me bem.
Até entrar para a consulta não mais deixou de me fitar por entre um livro que orgulhosamente envergava.
Depois, bem depois era o velhote cas unhas encravadas, a lady com os pés numa lástima, a gorda com um vestido de menina, o maluco com olhar estrábico e os cromos, um de havaianas chinesas e bermudas camufladas, outro de meia branca e calça preta, e os velhotes de camisa aberta tal não era o calor infernal que se fazia sentir, pois isto dos cortes não deixam as cachopas ligarem os ar condicionados.
Já se veem médicos/as com as marmitas a tiracolo, à pois é…

Vida



A vida (do latim vita) é um conceito muito amplo e admite diversas definições. Pode-se referir ao processo em curso do qual os seres vivos são uma parte; ao espaço de tempo entre a concepção e a morte de um organismo ; a condição de uma entidade que nasceu e ainda não morreu; e aquilo que faz com que um ser vivo esteja vivo. Metafisicamente, a vida é um processo contínuo de relacionamentos.

Afinal o que é a vida?
A vida é apenas a sombra da realidade, é qualquer coisa que só te torna visível quando a morte aparece, é a solução para a vida humana segundo regras pré definidos sem admitir exceções, sem clausuras nem acordos.
A vida é apenas a ausência de medo de viver, é uma nuvem que pode a qualquer momento passar, é o presente fugaz em busca do futuro atroz, é entregares-te aos amores e imaginares a ausência de claridade.
A vida é apenas a permanência de alguém dentro dos nossos corações sem razão aparente para ficarem, é a alegria de estar sem poder permanecer, é a facilidade de entender e a faculdade de discordar, é a afastamento de males e a permanência de virtudes.
A vida é apenas o perdão, a triste realidade da alegria, a dureza de um final, a incompreensão derradeira da batalha final, a caminhada com fim certo que nos trás de volta à vida.
Amo-te…Vida…

domingo, 23 de junho de 2013

Somebody That I Used to Know



Conheço uma vaidosa, ruidosa, nada piedosa nem amorosa, é manhosa quando está furiosa e teimosa quando está nervosa. Nunca foi honrosa, foi sempre medrosa e fragosa, quando ansiosa torna-se sinuosa nunca sendo bondosa nem formosa.
Nunca a vi receosa nem animosa, não me parece religiosa, de tão penosa que aparenta, é vergonhosa quando faz prosa e raivosa quando está dengosa, Aos sábados à noite é forçosa a estar cheirosa, fica preciosa, perniciosa e curiosa.

António



-Já compraste a Visão?
-Não, porquê?
-Pá, se a cronica não viesse assinada, pensava que terias sido tu a escreve-la….
-Qual crónica?
-A do Lobo Antunes, “aguenta-te à bronca” vai lá lê-la.
-Eu recebo a Visão online, já vou ler.
-Ok, xau que a maré esta a encher.
-Xau.
Este foi o maior elogio que me fizeram nos últimos tempos, comparar-me com o Lobo Antunes, dassss, nada disso o homem é um mago das palavras, sei que tenho muito da escrita dele, que li quase todos os livros dele, mas não pertenço a nenhum clube de fans antoninas.
E tu António que tens de mim? Que tens da minha escrita?
Tens de mim a alma barulhenta, aquela inconformada tentativa de razão, aquele murmúrio em alta voz que desapega o poder e encarna a democracia. Fala-me de democracia António, querem-te ouvir mais uma vez, poucas foram as de Judas e os Elefantes, não das tuas memórias, fala-me agora desta democracia, do presente, adivinha o futuro, fala-nos através dessa tua capacidade de atravessares a sociedade, fala-nos como falaste da tua casa de infância, mas num presente imperfeito ou noutro que tu poderás ver mais que perfeito.
Sabes António, eu sei que sabes, na vida também existem gaivotas mortas, lágrimas e contratempos, existem também ventos fortes e brisas constantemente calmas, na vida António, existe tudo aquilo que tu já viveste e tudo aquilo que eu ainda viverei.
 No final de me leres, se conseguires aguentar até ao fim, rasga o papel da tua memória e continua a escrever para nós.
Abraço.
R. Guedes.