quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Alma I



O meu nome na areia gravarás até que o próximo choro de espuma o leve e o mistério de teus olhos prevaleça para a eternidade,
Vapores mercenários de amor sentirás colocando em teu coração rufos desconcertantes de saudade.
Seguirei num aqueduto de glória, mesmo que à distância tenha que ser,
contemplarei a razão que há em ti assim o diabo o permita,
fomentarei a felicidade sem outra prejudicar, sem
magoar,
lentamente, como o dissipar da água na areia da praia em madrugada calma,
assim te olharei, e um dia, quando deste chão desaparecer , serei apenas uma reminiscência na tua alma.

 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

3-0






Para a historia fica o 3-0 e a confirmaçao que, neste momento, só existem duas equipes em Portugal.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Mar

 


E tudo o mar vestia,
tempestuoso agredia, embalado pelo diabo partia,
amargo e escumoso o mar batia.
E na genica que brandia juntava lenha como mercadoria,
acre e espumoso, o mar trazia.
Sendo dia mal se via, o nevoeiro paria,
perigoso, num repente o mar subia e descia.
Onusto de bravura, desmaiava e falecia,
rebolava pelas pedras repleto de energia.
E a onda que enroscava a imensa arrelia,
pintada de azul desmaiava e no mar fazia.
Provocava cinismo imenso e na praia morria,
por entre sombras e sois o mar era ironia.
Enlaçado pela lua que dormia,
acordou-a e bailando o mar sorria.
E do dia se fez noite mais cedo do que seria,
tatuou-se de negro, mas de alvo o mar queria.
A esperança no ar trajava o vapor que não se via,
de luto e branco o mar vestia.
Ardiloso e sorrateiro pela madrugada gemia,
num ápice agitou-se e mostrou mais energia.
Soltando sopros da alma pela coragem que se via,
da noite se fez dia e do mar poesia…

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Falta





Saio a perder deste árduo desafio da aresta da vida, irremediavelmente extraviado num canto.
Talvez só mais um sentimento da história pequena dos seres, pequenos também, condenados à falta de privilégios restando-lhe apenas a humilhação, único sentimento da memória humana realmente sentido.
Fiquei cego por este sol baixo de fim de tarde, não estou mais em condição de contar o tempo.
A brisa não agita mais a morada da minha alma. Os braços que me trouxeram até aqui não têm mais forças para remar a terra firme, é inglório o esforço esforçado.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Saudades




Ao Luciano:
Saudades destes tempos...
Um destes dias a gente faz uma farra com a viola, o tinto e o uísque…
Abraço.

Ironia





A ironia do olhar, de um olhar totalmente enamorado pela oportunidade de viver, que transforma alusões a um qualquer segredo em algo de absolutamente extraordinário. Faz dos outros peças únicas de narrativas incompletas que só quem os vê pode terminar. Um olhar pode esmagar num canto um outro olhar mais curioso, pode consentir ou até presumir, ler ou ocultar.
Um olhar pode ser esquerdo ou direito, pode permanecer ou fazer desaparecer, pode até intimar ou castigar, dispensar ou amar, tudo isto apenas com a ironia de um olhar.
A ironia do olhar pode produzir efeitos de causas diferentes ou tentar distinguir entre as causas necessárias e as causas mais que suficientes para ser olhado, pode preceder um outro olhar ou até ser ignorado, pode provocar hiatos ou ser apenas uma maravilhosa epifania.
A ironia do olhar, pode ser científica ou banal, analfabeta ou intelectual, pode ser até provável ou improvável, exata ou disforme, tudo isto pode ser a ironia de um olhar.
A ironia do meu olhar pode ser tudo e nada, será sempre só minha, aqui ou em qualquer outro lugar, de maneira ou forma diferentes, possível e provável e tudo o resto que acerca dela pensem é pura ilusão.
Modifique-se o meu perfil considerando-me mais técnico, mais perto da transcodificação dos outros olhares e talvez seja eu o editor de novos meus olhares, mais aromáticos, menos duros, mais centrados na superfície dos outros e menos no interior dos corpos, serei então eu a máquina capaz de atenuar todos os efeitos negativos da exposição ao meu próprio olhar?
A atividade de permanentemente olhar é paradoxal com a condição de humano, por um lado trai o próximo na medida que acultura os olhares dos outros; mas por outro democratiza esta maneira nova de olhar, visto que expande e penetra nos outros.
É esta a ironia do meu olhar olhada por mim, é este o meu contributo para poder olhar o mundo de uma maneira própria mas de interesses comuns, é este o paradigma da minha humilde existência, olhar apenas por olhar.