sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Antologia dos Credos (Excerto) by me.



Creio nas tuas lágrimas,
Creio em todos os teus pensamentos,
Creio no teu sorriso e no teu sorriso lavo-me,
Creio em todos os teus antídotos de ódio, em todas as memorias,
Creio na economia da tua pureza,
Creio em todas as tuas ofensas que, por afeto me fazes,
Creio no oposto do rancor,
Creio num outro amanhã,
Creio no consolo que é ressentir-te,
Creio em todas as ausências concupiscentes,
Creio na indiferença que me estorva a mente e me proporciona ápices medíocres de ódio,
Creio em todas as recordações, em corações colossais e em imensos amores.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Experiencias





Transformamos a experiencia mais sublime em afeto, eliminamos zonas de conflito moral connosco e com os outros, deixamos inundar territórios de paixão, tropeçaremos em montanhas de revolta e de ódio por nós, mas não nos deixaremos ficar infinitamente distantes da vida. Abrimos nossos corpos a padrões de beleza inatingíveis e deixemos a autorrejeição social de lado.
Por isso...
 Quero acabar navegando na esperança de acabar com esta mutilação emocional que me invade, que me cria conflitos, incompreensão, intolerância, não quero viver em pé de guerra com a minha mente para sempre, quero conquistar o ser que há dentro de mim, quero ser a razão de ser, o eu, libertar a criatividade, surpreender-me, explorar o meu solo ingénuo mas prático, frustrar a miséria dos que assim não pensam, a validade da sua simples consideração de ser, da sua culpa de errarem sempre sós, entre causas que nunca defenderam e outras perdidas na pacatez própria das suas vidas pequenas.
 Sobrevivo às tentativas de correr riscos atrás dos riscos dos outros com a rispidez que me talha o trato, intimamente comigo e a razão de ser único, encontro complexo entre mundos, largo o alheio para no meu entrar, caminho para o mundo dos deuses entre sinuosas emoções achando-me a cada volta do caminho e provocando cicatrizes na alma.
 Executo o plano B, o do lado de lá da dúvida, da incerteza, da pobreza de iniciativa, não sou mais vítima desta nova Jihad, morrendo aos poucos dentro de mim, dentro daquilo em que posso acreditar e tenho medo, dentro da complexidade de decidir, um dia serei eu, nem que para isso tenha que mover o mundo, arranhar as almas dos outros, hei de ter prazer de viver, farei da vida uma companheira de guerra, de sofrimento, de dificuldades, prazer, sensualidade, de amor. Propagarei na tela do mundo um livro sublime para mim e para os outros, assim eu o consiga.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Sou...


-Simples, eu embora seja uma pessoa rodeada sempre por muita gente, que decide, que se atreve, sou também dos seres mais solitários que existe.

-Não vivo em manadas, vivo na busca de algo dentro de mim que nunca encontrei, daí talvez a revolta que me assola permanentemente.
-Eu nunca me habituei a partilhar, até mesmo comigo, acho depressivo ser assim.
- Acho mais fácil atrapalhar a realidade dos outros do que me expor à perceção alheia.
- Vivo com os meus pensamentos, bem.
-Não me comove a tristeza dos outros, nem a sua felicidade me faz rir.
- Não sinto, praticamente, sentimentos puros, não acredito neles.
-Não me entrego na plenitude, só pertenço a mim.
-Não sou frequentemente eu. Eu não sou quem os outros pensam.
-Até nas coisas mais simples consigo encontrar defeitos, alguns em mim e muitos mais nos outros, tenho a virtude de os encontrar até num copo de água.
-Sou um obcecado pela vida em comunidade e um amante extremoso da solidão.
-Faço-me parecer e nunca ser, sou mais alvo de análise e menos de caraterização.
-Sou um ser constante, banalmente apetecido e disputado entre o comum dos mortais.
-Sou apenas aquilo que gostaria de ter sido mas que se foi criando, lentamente, com as injustiças que presenciava no quotidiano.
-Tenho cara de diabo e corpo de anjo, sou mesmo o diabo em cara de anjo.
- Sou tão eu mesmo que, não é fácil disfarçar em público, o mau estar de não querer estar.
-Sou carente e extremamente amado, sou mau, sou bom, abstrato e concreto, duro e permissivo, frio e cálido, doce, amargo. Sou um ser único desprovido de qualquer identidade real a não ser, ser..



domingo, 14 de setembro de 2014

LIxo Átono



Nunca me imaginarei vazio, vazio sem o deleite do meu corpo aquecido pelo som do silêncio à minha volta, à volta de um sussurro, sem um travesseiro para partilhar, um cheiro, um sentir, um paladar. Sempre me imaginarei aproximando-me de mim mesmo, avezado a estar só num sufoco onde sempre estou, a razão de eu nunca ter sido, inexplicavelmente, uma pureza celeste ou a derrota de mim.
Vejo-me pisando destroços de mim entre gerações e lixo átono, pisando o descanso da minha sombra, cansado de outras voltas dadas pela vida plena de mentiras e atrocidades conscientes.
Desesperado sinto, aliso o meu corpo e nele alivio a minha vontade de morrer, vigio as minhas olheiras tropeçando na realidade das situações, afago um xantelasma e adormeço a minha voz. As palavras são aquilo que eu não quero dizer.
Vigiando este estado latente de emoção, contorno a vontade de partir e amo a triste realidade de existir, sinto-te a cada movimento dúbio e tenso do meu cadáver e com ele vivo e me deito esperando o sol, circunstancia de coisa alguma, vontade emergente, ocasionalmente modesta e banal, alma de poeta frágil e tenso, constante interminável da vida.
Ensinaste-me a magia do sonho e fizeste-me acreditar que era real, contudo sou figura deste presépio de natal que estaticamente recordará, ano após ano, mais uma viagem ao destino impossível. Tilinto por dentro de um corpo encarnado em mim e com ele vagueio nas ondas dos teus sentidos.
Afasto-me da dura realidade, da verdade plantada na percepção do impossível e viverei segundo as regências do eternamente impossível.
Devo o dever indeclinável de me amar, sempre na esperança de morrer antes de te ter na plenitude, sinto-me fraco de alma e forte de espírito, sinto o ritual da paixão inexplicável por mim, ignoro-o, sempre com pensamentos inapropriados, anti naturais, descarregados entre as confissões de mim e as de outro alguém.
Fecho os olhos e vou sonhar na melhor maneira de pensar em escrever alguma coisa, que acaba por não dizer coisa alguma.

sábado, 13 de setembro de 2014

Artefacto



Hoje entendi que a merda da vida se resume a um estupido artefacto mecânico a que chamam tapete rolante, por vezes vamos para a frente, outras para trás, mas acabamos sempre por uma das vezes não voltarmos…