domingo, 23 de junho de 2013

António



-Já compraste a Visão?
-Não, porquê?
-Pá, se a cronica não viesse assinada, pensava que terias sido tu a escreve-la….
-Qual crónica?
-A do Lobo Antunes, “aguenta-te à bronca” vai lá lê-la.
-Eu recebo a Visão online, já vou ler.
-Ok, xau que a maré esta a encher.
-Xau.
Este foi o maior elogio que me fizeram nos últimos tempos, comparar-me com o Lobo Antunes, dassss, nada disso o homem é um mago das palavras, sei que tenho muito da escrita dele, que li quase todos os livros dele, mas não pertenço a nenhum clube de fans antoninas.
E tu António que tens de mim? Que tens da minha escrita?
Tens de mim a alma barulhenta, aquela inconformada tentativa de razão, aquele murmúrio em alta voz que desapega o poder e encarna a democracia. Fala-me de democracia António, querem-te ouvir mais uma vez, poucas foram as de Judas e os Elefantes, não das tuas memórias, fala-me agora desta democracia, do presente, adivinha o futuro, fala-nos através dessa tua capacidade de atravessares a sociedade, fala-nos como falaste da tua casa de infância, mas num presente imperfeito ou noutro que tu poderás ver mais que perfeito.
Sabes António, eu sei que sabes, na vida também existem gaivotas mortas, lágrimas e contratempos, existem também ventos fortes e brisas constantemente calmas, na vida António, existe tudo aquilo que tu já viveste e tudo aquilo que eu ainda viverei.
 No final de me leres, se conseguires aguentar até ao fim, rasga o papel da tua memória e continua a escrever para nós.
Abraço.
R. Guedes.

1 comentário:

  1. Quem sabe se vocês não São almas gemeas na escrita? Mas volto a dize-lo a tua escrita é mto parecida com a dele, ou a do Antonio com a tua :)

    ResponderEliminar