Não quero porque o bicho tem a mania de analisar os donos, é
ciumento e agressivo. É um animal de 20 “gajas”, tantas, que não me atrevo a
pensar em coloca-las todas cá em casa. Embora independente, precisa que lhe
mudem a caixa da areia, onde religiosamente “caga e mija”, ter um animal a
cagar dentro de uma caixa, é depressivo: Não quero ter um gato, não quero porque
os gatos gritam quando querem “pinar”, então e se eu procedesse de igual modo?
Ter um gato é ter de aturar as suas crises e entrelaça-las com os meus momentos
de impaciência, é ter de partilhar a minha arrogância a minha falta de graça, a
minha teimosia até mesmo o meu anti romantismo com terceiros e que terceiros,
um gato.
Ter de tolerar qualquer tipo de provocação, qualquer doença de
pele ou todos os dramas e tramas.
Ter um gato pode até ser considerado um ato de generosidade
para com o mundo, mas eu não quero um gato, não entendo esse tipo de escolha
que tem de se fazer a qualquer hora, até capam os bichos, eu não quero um gato,
muito menos capado.
Um gato obrigar-me-ia a ser inconveniente, a não viajar, a ter
raiva de cão e pulso de gente. Obrigava-me a ter o dom da premonição ou então a
cursar demência e almoçar orgulho.
Eu não quero ter um gato, tenho medo de não resistir às análises
diárias, a ficar com marcas e os sofás estragados. Não resisto a ciúmes nem a agressões,
não tenho espaço para tanta “gaja”. (embora confesse: gostava de concorrer com
um bicho destes). Não resistiria ao cheiro da caixa, nem ao controle constante,
nem às lambidelas falsas que a espaços entrega aos donos. Um gato é ter de ir
ao castigo a cada entrada em casa, esfrega-se na gente, arranha as calças,
deixa pelos em todo o lado e a cada saída, quer ir no carro connosco e depois
tem que se parar a meio do autoestrada para “meter o bicho a mijar” caso
contrario, assopra e torna-se bravo, ou mija-nos os estofos em pele e adormece,
antes do destino, aninha-se no nosso colo e parece despachar duvidas
existenciais com os olhos. Os gatos costumam ter guizos ao pescoço, parecem
cabras, as cabras às vezes trazem gatos ao pescoço, parecem guizos. Os gatos
não falam, miam, por vezes miam muito alto, mais do que eu próprio consigo, por
outras miam miudinho, o que me irrita e atravessa a alma, gato que é gato tem
de ser coerente.
Gatos há que usam até chapas
com números de telefone de quem, dos gatos? Outros, placas com dizeres, “ luv iu”,
a quem, a outros gatos?
Eu não quero um gato, as minhas 4 cadelas não deixam… (às
vezes 5).
Muito bem escrito.
ResponderEliminarCom um sentido de humor a toda a prova!
Fizeste-me dar belas gargalhadas às primeiras horas da manhã!
Humor...negro!!!
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