segunda-feira, 25 de março de 2013

Experimentação




A cada dia em que o sol se põe, mais experimento o destino de caminhar só pelo mundo, mais sinto que o nascer de um outro tempo nunca mais chega, mais tudo me assemelha igual, mais tento treinar a cartada da vida, mais pressinto deitado numa cama qualquer a essência de não viver, mais tento falar e não articulo vocábulo algum, mais preciso de compreender a beleza de como é usufruir de viver, mais dou sem pretender, mais o céu me desaba em cima, mais de mim defino, mais apreendo o pior de todos os cosmos, mais noites mudas aparecem, mais perspetiva solitária tenho na avaliação dos outros, mais adivinho o que não quero, mais me coloco de parte, mais sinto a luz encrespar caminho, mais circunstâncias em que não sei dizer porque, mais louco permaneço, mais portas cerradas me surgem pela frente, mais requinte alienado encontro, mais rostos de angústia avisto, mais nutro amor pelas trevas, mais me tento esconder, mais contemplo a mentira espelhada nos olhares eventuais, mais aguardo por um outro nascer de sol, menos negro, menos idêntico, menos jogadas sinto que tenho que praticar, menos temor tenho de não viver, menos silêncios tenho que proferir, menos me preocupo com não existir, menos preciso que me deem, menos porção de céu contemplo no horizonte, menos dos outros preciso, menos tenho que entender o mundo dos semelhantes, menos ruído noturno se hospeda, menos opinião por terceiros tenho, menos me sinto, menos me disponho à parte das realidades, menos escuridão encontro no meu trilho, menos me interrogo, menos lúcido estou, menos verdades consigo ver.

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