Podes fugir, podes saber que nunca serás a minha outra
escolha, podes ate pensar que é do teu lado que permanecerei.
Podes não perceber porque fugiste, caminhar ao longo do
nada, porque nada é tudo, e tudo é apenas um espaço vazio, um espaço por
preencher, por nunca me veres carpir sem razoes aparentes, sem a realidade por detrás
de mim, sem a alma fria, constantemente, dentro de um espaço vazio.
Podes não perceber que a palavra “esperar” é sinonima de
partir sem nunca olhar para trás.
Podes não entender que quando se trilha um caminho não
antecipamos obstáculos, caminhamos. Podes ate não acreditar que as palavras são apenas
uma maneira singela de exprimir sentimentos, podes ate não perceber porque
fugiste sem palavrear.
Podes nunca perceber esta sombra, esta maneira de não ser
nada, de mostrar tudo e esconder algo, podes não reparar que existem outras
maneiras de te ver, de te ser, de te ver e ser ao mesmo tempo. Podes ate
encontrar uma outra maneira de viver mas, nunca mais serás aquilo que viveste,
aquilo que mostravas ser, perdeste a única maneira de te encontrares, perdeste
o sentido que te atravessava a alma e te fazia lacrimejar o coração. Não
importa a maneira como te vês, podes ate ver-te como a melhor de todas as escolhas,
a melhor de todas as diferenças, a melhor forma de te ouvires porque não
escutarás nada, não encerras essa capacidade de te ouvires, de te enfrentares, de
nunca achares que chegou a ultima noite o ultimo momento, o momento de saberes
como os outros se sentem, de como eu me sinto, não tens essa capacidade, Talha-te o modo de pensares as emoções que sentes, talham-te as palavras vãs que
prenuncias em que não acreditas, as que nunca sentiste, as que nunca quiseste aprender.
Só mais uma noite, nada mais, apenas uma outra noite, nela podes sentir a banalidade da palavra, autenticidade abrangente do retorno da
ideia plena, fuga atroz da mentira que é não te poder corrigir mais.
Podes ate parecer que voltarás a ser, mas não, nunca mais voltaras
a ser, perdeste o jogo do ser, ser e não ser é ser na mesma, perdi-me, como disse Clarice lispector “Perder-me também
é um caminho”. Digo eu, o meu caminho.
A vida é como a música. Deve ser composta de ouvido, com sensibilidade e intuição, nunca por normas rígidas.bjin
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