domingo, 29 de junho de 2014

Castigo



Castigo, é pena o que sinto, é algo entre o real e o abstrato, entre a relação e o abandono, é apenas uma outra maneira de tentar ser e ser sem tentar ser nada de diferente, é pena, castigo até, algo entre a psicagogia e as agitações equóreas traçadas por vagas menores, é pena apenas pena, não a pena desprezível, mas sim a pena altiva e crente num futuro diferente, pesquisando, desesperadamente, filar numa pobre enfermiça banalidade a triste realidade.
Uma pureza, uma pureza quase selvagem estendida da montanha até ao lamber do mar, algo com inclinação maléfica e alma protestante, algo como fiéis divinos lançados para fornalhas de cores berrantes, enfeitados com mantos escarlates e odores pútridos, levados ao extremo da excitação, entre respiros ofegantes e braços hiper-realistas, abertos, em forma de “T”, abraçando um qualquer falso rito em busca da imaterialidade ensaiada.
Castigo, é pena o que sinto…

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