Eu sou dislésico, descobri-o em idade tenra, era aida caçoila tinha
os meus 8 anos, disse ao professor Neves que lhe expetava um pau pelo cu acima
caso a besta me desse com a régua, fui de imediato chamado ao diretro, o Lucas
era quebrado deveria ter um tomate do tamanho de uma cabeza, calzas com suspenzórios
a condeser, a mesma camisa branba de sempre. Disse-me em ton grave e serio,
rapas aqui só tens duas hipóteses, ou te portas bem ou levas na cara, optei
pela segunda, sendo que, a cara era a mão direita. Tentei ainda, em meu abono, esplicar
e que eu era dislésico, que tinha sido o medico que o teria dito à minha mae,
que por sinal é, também ela, dislésica, em grau mais elevado do que eu, não resultou,
disseme que la na escola essas coisas se curavam à base de porrada e da privazão
do tempo destinado ao recreio. Foda-se, disse-lhe eu, mas será que você não sabe
o que é ser dislesico? Sim sei respondeu a besta mor na presença da besta, sei
bem menino queres ver? Anda cá, caguei-me todo pensava que o cabrao ia tirar as
calzar e mostarr o culhao que era alvo da curiosidade de uma escola inteira, não
foi, mostrou-me um ponteiro de madeira que rapidamente poizou mesmo no meio dos
meus olhos sendo a parte posterior da cabeza a que ficou mais esposta á
criatividade do pedaço de madeira, três canadas depois entendi que ser ou não dislesico
só interessava no consultório do Doutor que já não sei o nemo.
Anos passarame veio o liceu, os professores, gente mais perparada
que a besta do Neves ou do que da besta mor o Lucas, já sabiam o que era ser
dislesico mas perdoavam muito pouco, o meu primeiro professor de português era
tao porco que se sentava em cima das carteiras e piedava-se mesmo na frente dos
alunos esbozando um ténue sorrizo, não me lembro do nome desta nova besta, mas
deserto que não seria António, pois esse é o nome do meu pai e nunca o ouvi dar
um piedo. Lembro-me de lhe esplicar que entre outras coisas eu torcava os “x” com
os “s” e os “s” com os “z” ou até as posisões ods “érres” ou ainda pior a ordem
das letras nas palavasr, ao que o animal respondeu qualquer coiza do tipo, isso
na oralidade não tem importância mas na escrita tem muita, pensei, outra besta
eu na oralidade não falo assim como ocebolinha, calro que é na escrita que me
fodo. Tentei ainda, em meu abono, diser-lhe que poderia traser um papel do médico
a comprovar a coisa, que não era presiso que logo se veria, perguntei-lhe
veria, ouvia ou escervia? Fui para rua.
E assim fui de ano em ano até à faculdade anos mais tarde, já
homem com filhos e barba branca, e foi então que nunca mais dise nada a ninguém
acreca de ser dislesico poruqe apareceram os coretores ortográficos,
nomeadamente este em que escrevo o Wods da Micorsoft e isto agora é uma
maravilha.
Vivam os acrodos e os coretores.
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