quarta-feira, 1 de maio de 2013

Eu sou dislésico



Eu sou dislésico, descobri-o em idade tenra, era aida caçoila tinha os meus 8 anos, disse ao professor Neves que lhe expetava um pau pelo cu acima caso a besta me desse com a régua, fui de imediato chamado ao diretro, o Lucas era quebrado deveria ter um tomate do tamanho de uma cabeza, calzas com suspenzórios a condeser, a mesma camisa branba de sempre. Disse-me em ton grave e serio, rapas aqui só tens duas hipóteses, ou te portas bem ou levas na cara, optei pela segunda, sendo que, a cara era a mão direita. Tentei ainda, em meu abono, esplicar e que eu era dislésico, que tinha sido o medico que o teria dito à minha mae, que por sinal é, também ela, dislésica, em grau mais elevado do que eu, não resultou, disseme que la na escola essas coisas se curavam à base de porrada e da privazão do tempo destinado ao recreio. Foda-se, disse-lhe eu, mas será que você não sabe o que é ser dislesico? Sim sei respondeu a besta mor na presença da besta, sei bem menino queres ver? Anda cá, caguei-me todo pensava que o cabrao ia tirar as calzar e mostarr o culhao que era alvo da curiosidade de uma escola inteira, não foi, mostrou-me um ponteiro de madeira que rapidamente poizou mesmo no meio dos meus olhos sendo a parte posterior da cabeza a que ficou mais esposta á criatividade do pedaço de madeira, três canadas depois entendi que ser ou não dislesico só interessava no consultório do Doutor que já não sei o nemo.
Anos passarame veio o liceu, os professores, gente mais perparada que a besta do Neves ou do que da besta mor o Lucas, já sabiam o que era ser dislesico mas perdoavam muito pouco, o meu primeiro professor de português era tao porco que se sentava em cima das carteiras e piedava-se mesmo na frente dos alunos esbozando um ténue sorrizo, não me lembro do nome desta nova besta, mas deserto que não seria António, pois esse é o nome do meu pai e nunca o ouvi dar um piedo. Lembro-me de lhe esplicar que entre outras coisas eu torcava os “x” com os “s” e os “s” com os “z” ou até as posisões ods “érres” ou ainda pior a ordem das letras nas palavasr, ao que o animal respondeu qualquer coiza do tipo, isso na oralidade não tem importância mas na escrita tem muita, pensei, outra besta eu na oralidade não falo assim como ocebolinha, calro que é na escrita que me fodo. Tentei ainda, em meu abono, diser-lhe que poderia traser um papel do médico a comprovar a coisa, que não era presiso que logo se veria, perguntei-lhe veria, ouvia ou escervia? Fui para rua.
E assim fui de ano em ano até à faculdade anos mais tarde, já homem com filhos e barba branca, e foi então que nunca mais dise nada a ninguém acreca de ser dislesico poruqe apareceram os coretores ortográficos, nomeadamente este em que escrevo o Wods da Micorsoft e isto agora é uma maravilha.
Vivam os acrodos e os coretores.

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